3 de abril de 2024 | Estratégia ESG, , , , , ,

Política e seus impactos nos negócios e na reputação

Por Gilberto Lima

Negocios

Pesquisa realizada pela Caliber, empresa especializada em inteligência de mercado, revela que o número de potenciais compradores dos veículos elétricos fabricados pela Tesla nos Estados Unidos está caindo. Um dos motivos seria a personalidade polarizada do CEO da empresa, Elon Musk.

A “pontuação de consideração” da Caliber para a Tesla, fornecida com exclusividade à Reuters, caiu de 70% para 31% entre novembro de 2021 e fevereiro deste ano. Apenas em relação a janeiro, a queda foi de oito pontos percentuais, enquanto marcas como Mercedes, BMW e Audi, que fabricam veículos a gasolina e elétricos, registraram aumento no mesmo período.

“É muito provável que o próprio Musk esteja contribuindo para a queda da reputação”, disse à Reuters o CEO da Caliber, Shahar Silbershatz, ao comentar que a pesquisa de sua empresa mostra que 83% dos americanos conectam Musk com a Tesla.

A montadora anunciou nesta terça-feira (2) a sua primeira queda de vendas trimestrais em quatro anos, apesar dos cortes de preços como estratégia para estimular a demanda. Nos últimos anos, Musk tem se envolvido com polêmicas como e sua adesão ao Partido Republicano e comentários considerados antissemitas na rede social X.

É claro que o posicionamento político à direita as declarações controversas não explicam sozinhas o desempenho dos negócios da Tesla. Incertezas econômicas, falta de novos modelos acessíveis e a crescente concorrência de rivais mais baratos, como a chinesa BYD, também foram citados por analistas de Wall Street como fatores de pressão sobre a fabricante de veículos elétricos.

Por outro lado, não é de hoje que a polarização política vem interferindo nos negócios de empresas que buscam associar seus negócios com boas práticas ambientais, sociais e de governança, resumidas na sigla ESG. No Congresso dos Estados Unidos, parlamentares do Partido Republicano vêm pressionando instituições financeiras que utilizam critérios ESG em suas políticas de investimento.

A situação levou o CEO da BlackRock, Larry Fink, a declarar recentemente que parou de utilizar o termo ESG por ter se tornado muito politizado. Pressões políticas à parte, ser comprometido com tais práticas já não é suficiente. É preciso demonstrar.

* Gilberto Lima é produtor de conteúdo, dono da Agência Celacanto, especializado em clima e finanças sustentáveis, e parceiro da Alter Conteúdo.

Por: Gilberto Lima